sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Pequenas reflexões (na falta de tempo, vontade e inspiração para escrever “a sério”)

*Foto por Paulo Pontinha




Iniciei este blogue temático, intitulando-o “A ver passar comboios…”, não propriamente pelo prazer ou fascínio em torno deste meio de transporte mas pelo aforismo e correspondente significado. Na verdade, é uma metáfora a que ao longo da minha vida recorri não raras vezes. A estação da vida é uma soma de chegadas e partidas. A frase e a ideia não serão da minha autoria pois já as ouvi repetidas vezes nos mais variados meios, mas traduz muito bem aquilo que penso.

Porém, a minha vida pessoal e profissional tem-me obrigado nos últimos tempos a fazer uso deste meio de transporte, no meu dia-a-dia (sobretudo por razões económicas). Tenho até procurado casa junto a estações – por razões práticas de agenda.

Com isto descobri um imenso prazer em andar de comboio e desenvolvi um fascínio por estações. Gosto do comodismo, gosto de ver a paisagem lá fora, as pessoas a caminhar, os carros parados em filas de trânsito. Gosto de ver a paisagem a ficar para trás e imaginar que é o passado que passa por mim até não mais o conseguir alcançar. Gosto das estações de comboio, do movimento agitado das pessoas que me faz repensar a vida e querer abrandar, das despedidas carinhosas, das despedidas necessárias e dos calorosos reencontros. Gosto das malas de viagem que me lembram outras chegadas e partidas em momentos sempre felizes da minha vida. Gosto da Estação de Roma-Areeiro porque lá muito perto construí um lar, mesmo que por um muito breve período de tempo, que tive muita tristeza em abandonar. E gosto da bonita e renovada Estação do Rossio, com um ambiente e arquitectura absolutamente romântico e europeu, com os seus candeeiros de pé alto.


Não quero ficar a ver passar comboios. Cansei de ver outros passageiros tomar o meu lugar. Quero apanhar o comboio do hoje e agora.



3 comentários:

Henrik disse...

Frequentemente passo por esta estação...=)

Soul, Heart, Mind disse...

Henrik:

E ainda dizia a outra que "não há coincidências". Bah! Que sabe ela?! ;)
Um dia ainda nos cruzamos (se é que não o fizemos já sem o saber).
Eu sou um bocado ave-rara pois parto do areeiro mas no regresso, normalmente, vou para o rossio. Mas nem sei porque o faço...
Hoje, para variar, fiquei em Campolide (ando a ver se as conheço todas).
Mas tenho de voltar a publicar sobre os comboios Fertagos e a vista sobre o Tejo, principalmente ao amanhecer...

E.O.

Anónimo disse...

Gostei imenso deste teu texto. O que eu quero e iludir-me que comando a minha vida e apanhar um expresso, sim o expresso oriente.