segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Viagem Adiada



Acordou há hora de sempre, mas mais cansado que nunca... parecia até que não se tinha chegado a deitar... a noite tinha sido dura... a roupa suada assim o mostrava apesar de nada se lembrar. Arrastou-se pela casa vagarosamente como um plano de um filme de Manoel de Oliveira e a muito custo preparou-se para sair.
Tinha uma viagem para fazer, mas desde o dia anterior parecia sentir que não era o dia certo para a fazer... algo lhe dizia isso. No entanto, lá foi, seguindo o seu caminho em direcção à estação e tudo parecia correr com normalidade...

Chegou à estação, mas apesar de não ser para ele um local desconhecido, parece que estava diferente, mudado, algo se passava... estava tudo incrivelmente calmo, calmo demais... entrou pela porta principal e reparou na bilheteira... estava vazia... ninguém... como iria ele comprar bilhete?!? Rondou todo o átrio à procura de alguém que lhe explicasse o que fazer... mas nada! Nem um simples papel ou cartaz anunciava qualquer indicação... estava tudo perfeito, limpo, arrumado, mas vazio... vazio de tudo... de pessoas, de ruídos, de gestos... parecia uma estação “fantasma”...

Olhou em volta e reparou nos únicos Seres que pareciam lembrar que o mundo não havia parado... pássaros percorriam o chão lá fora saltitando em busca de uma migalha que lhes compusesse o estômago.

Bateu a uma porta... demorada e arrastadamente ouviu um som de alguém que parecia aproximar-se... aguardou... era mesmo... afinal estava alguém... era um segurança com ar ensonado... e perguntou-lhe o que se passava... não soube responder... encolheu os ombros e sorriu como quem não entendeu uma única palavra daquilo que ele tinha dito... repetiu, voltando a dizer que precisava apanhar o comboio em direcção a Lindstrom e queria saber a linha e como fazer para comprar bilhete... voltou a sorrir, falando num dialecto desconhecido e encolhendo novamente os ombros... e agora?! – Pensou... – Como vou fazer?!

Decidiu aguardar por alguns momentos, pegou no telemóvel e ligou para a sua esposa a contar o sucedido, talvez ela soubesse de alguma coisa ou o pudesse ajudar... olhou novamente em volta e até o segurança tinha desaparecido... procurou por ele novamente junto à salinha de onde o vira sair momentos antes, mas nada! Também ele tinha sumido... não sabia o que fazer... talvez se aguardasse um pouco mais, talvez passasse alguém que lhe explicasse o que se estava a passar... mas nada...

Saiu pela porta e voltou a olhar em volta, para os pisos superiores, podia ser que detectasse neles algum movimento... mas o resultado foi exactamente o mesmo... nulo... parecia estar numa daquelas cidades fantasma do “velho oeste” pois o único barulho que se ouvia era o do vento quente...

Desistiu... não tinha como saber o que se estava a passar... voltou para casa na esperança que amanhã a estação, por “artes mágicas” volte ao normal e ele possa seguir finalmente viagem...


3 comentários:

Anónimo disse...

Honestamente? Não gostei. Quer dizer, está bem escrito como todos os outros, dentro do mesmo género de escríta fluída, com o mesmo suspense típico dos teus textos mas... Não se percebe nada e continua-se sem se perceber. Talvez também nós leitores, tal como o protagonista, tenhamos de esperar por amanhã?... [aliás, se os teus textos tivessem continuidade este meu comentário não fazia sentido; faço-o porque habitualmente não têm]

E.O.

P.S.: Onde fica Lindstrom?

Anónimo disse...

Pois é... a questão é mesmo essa... ninguém percebeu nada... nem o protagonista... e olha que qualquer semelhança com a realidade NÃO é pura coincidência...

IRR

Anónimo disse...

hum? isto é autobiográfico?
e ainda eu achei esquisito o vídeo fantasma... spooky...

e.o.