sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Nota Editorial
todos os seus artigos foram retirados e eliminados.
Pequenas reflexões (na falta de tempo, vontade e inspiração para escrever “a sério”)
Iniciei este blogue temático, intitulando-o “A ver passar comboios…”, não propriamente pelo prazer ou fascínio em torno deste meio de transporte mas pelo aforismo e correspondente significado. Na verdade, é uma metáfora a que ao longo da minha vida recorri não raras vezes. A estação da vida é uma soma de chegadas e partidas. A frase e a ideia não serão da minha autoria pois já as ouvi repetidas vezes nos mais variados meios, mas traduz muito bem aquilo que penso.
Porém, a minha vida pessoal e profissional tem-me obrigado nos últimos tempos a fazer uso deste meio de transporte, no meu dia-a-dia (sobretudo por razões económicas). Tenho até procurado casa junto a estações – por razões práticas de agenda.
Com isto descobri um imenso prazer em andar de comboio e desenvolvi um fascínio por estações. Gosto do comodismo, gosto de ver a paisagem lá fora, as pessoas a caminhar, os carros parados em filas de trânsito. Gosto de ver a paisagem a ficar para trás e imaginar que é o passado que passa por mim até não mais o conseguir alcançar. Gosto das estações de comboio, do movimento agitado das pessoas que me faz repensar a vida e querer abrandar, das despedidas carinhosas, das despedidas necessárias e dos calorosos reencontros. Gosto das malas de viagem que me lembram outras chegadas e partidas em momentos sempre felizes da minha vida. Gosto da Estação de Roma-Areeiro porque lá muito perto construí um lar, mesmo que por um muito breve período de tempo, que tive muita tristeza em abandonar. E gosto da bonita e renovada Estação do Rossio, com um ambiente e arquitectura absolutamente romântico e europeu, com os seus candeeiros de pé alto.
Não quero ficar a ver passar comboios. Cansei de ver outros passageiros tomar o meu lugar. Quero apanhar o comboio do hoje e agora.
domingo, 7 de setembro de 2008
Linhas Férreas de Desilusão

Que fizemos nós, humanos entre humanos, que deuses criamos e derrubamos? Vês os calos que preenchem tuas mãos fazendo traços sobre traços? Não são linhas de destino são linhas férreas de desilusão.»
sábado, 6 de setembro de 2008
Lições de Vida em Conversas de Comboio
- Há males que vêm por bem.
- Pois é, vê? Estava destinado ela esquecer-se do bilhete em casa. Isto nós é que somos muito negativos e, quando algo de mau nos acontece, a carga negativa é tão forte que não conseguimos ver mais nada. Mas por trás de algo mau também vem sempre algo bom, outra saída.
Não sei como mas a partir daqui a jovem desabafa que o (ex)namorado tinha rompido com ela e que ainda estava a sofrer muito com isso. Despertei! Pensei: «mais uma...». Quando a mais velha nos deu uma lição de vida:
- Eu estive casada mais de vinte anos e um dia o meu marido resolveu que não queria continuar comigo. Sofri muito e ainda sofro mas não há um só dia em que não sorria porque é assim que se vence. Fiquei tesa. Ele tem muito dinheiro, mas não tem mais nada! E não somos nós que perdemos. Eu tenho pena é deles, deles que nos perderam. Eles é que são tristes por nos terem perdido. (...)
É curioso como eu sempre pensei assim em relação a quem perdi. Sempre soube que eu é que estava a perder. Mas nunca tinha pensado o mesmo em situação contrária...
E a mais velha continuou:
- Vou-lhe contar uma coisa que muitos acham estranha. Eu chamo-me Ana Rita. Antes de me divorciar era conhecida como Ana. Quando me divorciei e conhecia alguém novo e me perguntavam o nome dizia que era a Rita. Foi como arranjar uma nova identidade. Eu precisava de mudar, de começar do princípio. E resultou. Foi como se fosse uma nova mulher.
Boa tarde, o meu nome é Ângela Margarida e hoje sou apenas Margarida.