
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Desabafos ou De como dar a volta a um blogue temático quando não conseguimos produzir texto

domingo, 5 de outubro de 2008
Reflexões (2)
No outro dia, apanhei o comboio para o meu local de trabalho, como faço quase todos os dias. E digo “quase” porque gosto demasiado de conduzir para ir de comboio todos os dias para onde quer que seja. Preciso do meu carro e da liberdade que este me dá. Mas voltando ao princípio, apanhei o comboio para o meu local de trabalho e senti-me observada durante bastante tempo. Quando chegou a minha saída, deixei o comboio e, assim que coloquei os pés na plataforma e dei dois passos naquela estação de destino, uma jovem abordou-me e perguntou-me:
- Desculpe. A senhora não é de Santarém?
Para já achei estranho alguém me tratar por senhora, com esta cara de miúda que tenho. Depois olhei para a jovem e achei aquilo bastante estranho.
- Sou.
- Não me está a conhecer?
Levei alguns segundos para responder, de tão estranho que aquilo me pareceu, de encontrar ali aquela rapariga. Foi assim que duas jovens de lugares de origem tão distantes quanto Santarém e Lousã, que não se viam há anos, se vieram a encontrar na estação ferroviária de Rio de Mouro!
Isto fez-me pensar como o mundo às vezes é tão pequeno e de tão grande dimensão outras tantas. A verdade é que encontro e me cruzo com as mais variadas pessoas em lugares inimagináveis, principalmente com quem não me quero ou não devo cruzar (embora não seja o caso desta rapariga). Porém, as pessoas que mais marcaram as nossas vidas ou que mais falta fazem nas nossas vidas, essas saiem na sua estação e não mais as tornamos a encontrar num qualquer comboio onde viajemos. Tenho pena disso... há gente que me faz muita falta...
Hoje sinto-me nostálgica...
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Nota Editorial
todos os seus artigos foram retirados e eliminados.
Pequenas reflexões (na falta de tempo, vontade e inspiração para escrever “a sério”)
Iniciei este blogue temático, intitulando-o “A ver passar comboios…”, não propriamente pelo prazer ou fascínio em torno deste meio de transporte mas pelo aforismo e correspondente significado. Na verdade, é uma metáfora a que ao longo da minha vida recorri não raras vezes. A estação da vida é uma soma de chegadas e partidas. A frase e a ideia não serão da minha autoria pois já as ouvi repetidas vezes nos mais variados meios, mas traduz muito bem aquilo que penso.
Porém, a minha vida pessoal e profissional tem-me obrigado nos últimos tempos a fazer uso deste meio de transporte, no meu dia-a-dia (sobretudo por razões económicas). Tenho até procurado casa junto a estações – por razões práticas de agenda.
Com isto descobri um imenso prazer em andar de comboio e desenvolvi um fascínio por estações. Gosto do comodismo, gosto de ver a paisagem lá fora, as pessoas a caminhar, os carros parados em filas de trânsito. Gosto de ver a paisagem a ficar para trás e imaginar que é o passado que passa por mim até não mais o conseguir alcançar. Gosto das estações de comboio, do movimento agitado das pessoas que me faz repensar a vida e querer abrandar, das despedidas carinhosas, das despedidas necessárias e dos calorosos reencontros. Gosto das malas de viagem que me lembram outras chegadas e partidas em momentos sempre felizes da minha vida. Gosto da Estação de Roma-Areeiro porque lá muito perto construí um lar, mesmo que por um muito breve período de tempo, que tive muita tristeza em abandonar. E gosto da bonita e renovada Estação do Rossio, com um ambiente e arquitectura absolutamente romântico e europeu, com os seus candeeiros de pé alto.
Não quero ficar a ver passar comboios. Cansei de ver outros passageiros tomar o meu lugar. Quero apanhar o comboio do hoje e agora.
domingo, 7 de setembro de 2008
Linhas Férreas de Desilusão

Que fizemos nós, humanos entre humanos, que deuses criamos e derrubamos? Vês os calos que preenchem tuas mãos fazendo traços sobre traços? Não são linhas de destino são linhas férreas de desilusão.»
sábado, 6 de setembro de 2008
Lições de Vida em Conversas de Comboio
- Há males que vêm por bem.
- Pois é, vê? Estava destinado ela esquecer-se do bilhete em casa. Isto nós é que somos muito negativos e, quando algo de mau nos acontece, a carga negativa é tão forte que não conseguimos ver mais nada. Mas por trás de algo mau também vem sempre algo bom, outra saída.
Não sei como mas a partir daqui a jovem desabafa que o (ex)namorado tinha rompido com ela e que ainda estava a sofrer muito com isso. Despertei! Pensei: «mais uma...». Quando a mais velha nos deu uma lição de vida:
- Eu estive casada mais de vinte anos e um dia o meu marido resolveu que não queria continuar comigo. Sofri muito e ainda sofro mas não há um só dia em que não sorria porque é assim que se vence. Fiquei tesa. Ele tem muito dinheiro, mas não tem mais nada! E não somos nós que perdemos. Eu tenho pena é deles, deles que nos perderam. Eles é que são tristes por nos terem perdido. (...)
É curioso como eu sempre pensei assim em relação a quem perdi. Sempre soube que eu é que estava a perder. Mas nunca tinha pensado o mesmo em situação contrária...
E a mais velha continuou:
- Vou-lhe contar uma coisa que muitos acham estranha. Eu chamo-me Ana Rita. Antes de me divorciar era conhecida como Ana. Quando me divorciei e conhecia alguém novo e me perguntavam o nome dizia que era a Rita. Foi como arranjar uma nova identidade. Eu precisava de mudar, de começar do princípio. E resultou. Foi como se fosse uma nova mulher.
Boa tarde, o meu nome é Ângela Margarida e hoje sou apenas Margarida.
terça-feira, 2 de setembro de 2008
terça-feira, 22 de julho de 2008
Esboço de um Conto de Fadas Mal Contado

quinta-feira, 8 de maio de 2008
Dos Novos mas Esperados Caminhos e o Medo da Felicidade
Assim ando eu com os meus comboios. Tenho perdido tantos comboios que, agora que este Alfa parou violenta e repentinamente à minha frente, isto me assusta. Vejo as pessoas dentro das carruagens desorientadas e despenteadas pela travagem brusca. Compõem as roupas e olham em redor intrigadas com a paragem. Fixam os olhares em mim, única pessoa que se encontra ali de fora, na linha 1, esperando... A porta da carruagem está mesmo à minha frente, aberta, convidando-me a entrar. Confesso que há muito que espero aquele comboio mas, de tanto o ter perdido ou este ter fugido de mim, agora apanhou-me de surpresa e não sei o que fazer. Até porque não era suposto ele fazer esta paragem! Não ali, não hoje! Não admira que as pessoas estejam desorientadas!! Seguro o corrimão da porta de acesso, preparando-me para subir, alço a perna e pouso o pé no degrau mas... estaco! Paralisei! Não sei o que fazer! Toda a vida fui decidida mas agora... tenho medo... E se a meio do caminho o comboio pára novamente para me expulsarem de lá? E se não chego ao meu destino? Mas... espera... para onde vai este comboio?! Subo as escadas com firmeza e pergunto. Respondem-me que cada qual tem o seu destino e ninguém sabe ao certo para onde vai... só sabem que é tempo de seguir.
sexta-feira, 21 de março de 2008
Dia Mundial da Poesia

*Foto por Nuno Inácio
Para onde vai essa mulher, a arrastar-se no passeio, agora que já é quase noite, com a almotolia na mão? Aproximai-vos: não nos vê.
Não sei o que é mais cinzento,
se o aço frio dos seus olhos,
se o cinzento debotado desse xaile
com que envolve o pescoço e a cabeça, ou se a paisagem desolada da sua alma.
Vai devagar, arrastando os pés, gastando as solas e gastando as lajes,
mas levada
per um terror
obscuro,
por uma vontadede evitar algo horrível.
Sim, estamos enganados.
Esta mulher não avança no passeio
desta cidade,
esta mulher vai por um campo hirto,
entre valas abertas, valas antigas e recentes,
e tristes montões
de humana dimensão, de terra removida,
de terra
que já não cabe na cova de onde se tirou,
entre abismais poços sombrios,
e turvas furnas súbitas,
cheias de barro e água lodosa e sudários andrajosas da cor do desespero.
Oh, sim, conheço-a.
Esta mulher conheço-a: veio num comboio,
num comboio extensíssimo;
viajou durante muitos dias
e durante muitas noites:
umas vezes nevava e estava muito frio,
outras vezes brilhava o sol e o vento sacudia
arbustos juvenisnos campos onde incessantemente estalam estranhas flores acesas.
rela viajou, viajou sempre,
enjoada pelo ruído das conversas,
pelos solavancos das rodas
e pelo fumo, pelo odor a nicotina rançosa.
Oh!:noites e dias, dias e noites, noites e dias, dias e noites,
e muitos, muitos dias,
e muitas, muitas noites.
Mas o horrível comboio foi parando
em tantas estações diferentes,
que ela não sabe ao certo nem como se chamavam, nem os lugares,
nem as épocas.
Ela
recorda apenas
que em todas era frio,
em todas era escuro,
e que ao partir, ao arrancar o comboio,
sempre compreendeu
como é brutal a investida da injustiça absoluta,
sentiu sempre
uma tristeza que era como uma centopeia monstruosa suspensa da sua face, como se com o arrancar do comboio lhe arrancassem a alma,
como se com o arrancar do comboio lhe arrancassem inumeráveis margaridas,
brancas como a sua alegria infantil na festa da aldeia, como se lhe arrancassem os dias azuis, o gozo de amar a Deus e essa von[tade de minutos em sucessão a que chamamos viver. Mas as lúgubres estações afastavam-se,
e ela assomava frenética às janelas,
gritando e retorcendo-se,
só
para ver afastar-se na infinita planície
isso, uma estação solitária,
um lugar
assinalado nas três dimensões do grande espaço cósmico
por uma cruz
sob as estrelas.
E adormoceu por fim.
sim, dormitou na sombra,
embalada por um fundo de longínquas conversas,
por gritos sufocados e risos embaciados,
como de gente que falasse através de mantas muito espessas,
apenas rasgadas de repente
por choros de crianças que acordam molhadas a meio da noite,
ou por cortantes guinchos de raparigas a quem nos túneis beliscam as nádegas, ... enjoada ainda pelo fumo do tabaco.
E viajou noites e dias, sim, muitos dias,
e muitas noites.
Parando sempre em estações diferentes,
sempre com uma ânsia turva de descer também, de ficar ela também, ai,
para sempre partir de novo com a alma lacerada,
para sempre dormitar de novo em trajectos infindáveis.... Não soube nunca como.
E seu sono era cada mais profundo,
iam cessando,
quase tinham cessado por fim os ruídos à sua volta:
só por vezes um riso como um punhal que brilha um instante nas sombras, um guincho como um limão acre que põe a noite amarela um momento.
E depois nada.
Só a velocidade,
só os solavancos de madeiras e ferro
do comboio,
só o ruído do comboio.
E esta mulher acordou na noite,
e estava só,
e olhou à sua volta,
e estava só,
e começou a correr pelos corredores do comboio,
de um vagão para outro,
e estava só,
e procurou o revisor, os serventes do comboio,
qualquer empregado,
algum mendigo que viajasse oculto sob um banco,
e estava só,
e gritou na escuridão,
e estava só,
e perguntou na escuridão
e estava só,
e perguntou quem conduzia,
quem movia aquele horrível comboio.
E ninguém lhe respondeu,
porque estava só,
porque estava só.
E continuou dias e dias,
louca, frenética,
no enorme comboio vazio, onde não vai ninguém, que ninguém conduz.... E essa é a terrível,
a estúpida força sem pupilas,
que ainda faz que essa mulher
avance, avance no passeio,
gastando a sola dos velhos sapatorros,
gastando as lajes,
entre valas abertas de um e outro lado,
entre montões de terra,
de dois metros de comprido,
com o tamanho exacto
da nossa ternura de corpos humanos.
Ah, por isso essa mulher avança (na mão, como o atributo de uma semideusa, [a almotolia), abrindo com amor o ar, abrindo-o com excelsa delicadeza,
como se caminhasse sulcando um trigal onde o grão está a formar-se,
sim, como se fosse sulcando um mar de cruzes, ou um bosque de cruzes,
[ou uma nebulosa de cruzes de cruzes próximas,
de cruzes distantes.
Ela,neste crepúsculo cada vez mais sombrio,
inclina-se,
vai curvada como um ponto de interrogação,
com a espinha dorsal arqueada
sobre o solo.
Espreita pelo caixilho do seu próprio corpo de madeira, como se espreitasse pela janela
de um comboio,
ao ver afastar-se a estação anónima
em que devia ter ficado?
Será que lhe pesam, que se suspendem do seu cérebro suas lembranças de terra em putrefacção,
e se lhe esticam tensos cabos invisíveis
desde suas sepulturas dispersas?
Ou como essas amendoeiras
que no verão estiveram carregadas de demasiados frutos, conserva ainda no inverno o tenro viço,
guarda ainda o doce ramo tombado
pela carga e pela companhia,
em seus tristes ramos nus, onde já nem pousam os pássaros?
Dámaso Alonso
Tenho a dizer...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Matei-te!

quarta-feira, 12 de março de 2008
terça-feira, 11 de março de 2008
Where to...?

domingo, 17 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Viagens da Mente, ou Da Loucura

"A Estação do Rossio reabre amanhã."
Rossio... Que bonito... Queria viajar. Queria apanhar o comboio. Rumar a Sintra outra vez. Quero verde. Estou farta destas quatro paredes... Branco. Paredes. Vazio. Prisão. Escuro. Silêncio. Doí-me a cabeça. Estou mal disposta. Cansada.
"Concerto de Maria João e Mário Laginha"
"Não se esqueça que o prazo termina dia 20"
"the garden from the Calouste Gulbenkian Foundation provide the Lisbon citizens a meeting with themselves (...) ; ...shelter and ... openness ... of the gardens at the cloisters of Alcobaça or of the Jerónimos...?!; the space of opening in chaos, at the lawn of Seteais...?!; and those, at the same place, that throw us over the horizon, starting a conversation with the infinite...?!;"
Jardins. Jardins. Jardins. QUATRO PAREDES E AS TREVAS ali fora, à janela... Jardins! Quero apanhar o comboio, sentar-me à janela, olhar os campos por aí fora e ver os nossos JARDINS!
"aquele em que o Objecto se subjectiva sem deixar nenhum resíduo de morta coisalidade, enquanto o Sujeito se reconhece, por seu turno no Objecto e nele se compenetra, constituindo-se como espírito inteiramente objectivado na presença sensível do Objecto."
Que estás tu a dizer, pá?! Jardins... Quero apanhar o comboio... 4 paredes... dói-me a cabeça... cansada... tenho de trabalhar...
sábado, 2 de fevereiro de 2008
A BUSCA... Parte II

A agitação era geral... já havia um amontoado de pessoas na plataforma que se digladiavam para chegarem a um lugar mais próximo de onde pudessem assistir à acção mais de perto...
AH AH!! ACHEI-TE!! EU SABIA... PENSAVAS QUE ME ESCAPAVAS NÃO ERA?! – Ouviu-se ao fundo, na divisória entre as carruagens... e o “suspense” tomou conta de todos...
To be continued...
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
A BUSCA... Parte I

Entrou notoriamente enraivecido no comboio... olhou em volta como quem faz um SCAN ao mais ínfimo detalhe a tudo e a todos... gritou algo que ninguém pareceu entender... e continuou a sua busca... passou a pente fino toda a carruagem olhando para todos os passageiros com um ar aterrador. Os passageiros esses, agarrados aos seus lugares... apenas olhavam por cima dos encostos à sua frente... num misto entre o esconder-se e o de tentar perceber o que se estava a passar... quem era aquele homem?! O que procurava?! E porque olhava para todos como se fossem os maiores suspeitos de algo que ninguém sabia o quê?!
Voltou a gritar!! – ONDE ESTÁS??? – desta vez perfeitamente audível por todos... e assim continuou... gritando, murmurando e explorando cada centímetro das carruagens daquele comboio... – Pensas que me escapas, é?! Não... Não escapas!! Vou encontrar-te!! E vais ver o que te vai acontecer!! – continuava a gritar à medida que continuava a sua busca sôfrega e agitadora...
Deve ser maluquinho... – sussurravam duas velhotas ao fundo da carruagem...
De repente... fez-se um silencio sepulcral... uma acalmia repentina tomou conta do comboio... como se aquele homem se tivesse evaporado... os passageiros continuavam a olhar uns para os outros e pelas janelas na tentativa de saber o que se passava... alguns, mais curiosos, levantavam-se e caminhavam até à porta, espreitando lá para fora... mas NADA... voltavam aos seus lugares de caras interrogativas e sem nada para contar...
Quem seria aquele homem e quem procurava?! Era a dúvida que acercava o pensamento de todos...
To be continued...