quarta-feira, 20 de junho de 2007

"Apanhar o Comboio": a primeira noite [revisto]

*Foto por "kiliturru"


- Estás a brincar. Tu... Tu foste para casa dele???? Estavas louca! Só podias! Tu não o conhecias de lado nenhum!
- Louca... Não estive louca ao viver com o Manuel? E alguma vez eu o conheci? Alguma vez eu pensei que ele se mostrasse o traste que mostrou? Alguma vez eu me imaginei a levar com uma versão decadente da família Adams? Louca estava nessa altura e precisei começar a sentir muita raiva dele, ao invés de pena de mim, para mudar a minha vida. E se mudei! Mas como te estava a contar... A noite correu de forma bem diferente daquela que estás a pensar.

C. fez um jantar simples e rápido, aproveitando algumas sobras que tinha no frigorífico. Jantaram, beberam mais um pouco e conversaram muito sobre tudo e sobre nada, sem entrar em grandes detalhes das suas vidas pessoais. Brincaram um com o outro e riram muito. “Beatriz” estava seduzida pelo bom humor dele e ele enfeitiçado pelo sorriso dos seus lábios carnudos e bem delineados. Entretanto, C. deixou “Beatriz” por não mais de dez minutos para arrumar a cozinha. “Beatriz” insistiu em ajudá-lo mas C. recusou, dizendo que não demorava muito e pedindo-lhe que se pusesse à vontade. Quando voltou à sala, encontrou-a a dormir tranquilamente no seu sofá negro. Olhou-a. Parecia exausta. Dirigiu-se ao armário da entrada e procurou pela última prenda de Natal da sua mãe. Ali estava ela. Tapou “Beatriz” cuidadosamente com a manta de malha escocesa e tentou não a acordar. Afagou-lhe o cabelo que lhe cobria o rosto em longos cachos dourados e deu-lhe um suave beijo nos lábios rosados. Apagou as luzes e foi para o seu quarto.

- Queres dizer que não aconteceu nada??? Uau! Saiu-te mesmo a sorte grande naquela noite!
- Sim. Talvez... Não, não aconteceu nada. Quando acordei no dia seguinte tive a certeza que não aconteceu nada porque para além das minhas bebedeiras nunca – e infelizmente – me provocarem amnésia, estava completamente vestida. Ele estava a tomar duche (conseguia ouvir a água a correr no chuveiro) e a mesa estava posta para o pequeno-almoço, com o detalhe de uma rosa branca a cobrir uma folha branca que me dizia para me servir à vontade. Eu sentei-me, servi-me de café e quando ele voltou perguntei-lhe se ele se importava que eu tomasse um duche e mudasse de roupa.

9 comentários:

Leonor disse...

Não há mais? Que pena....

Expresso Oriente disse...

Há. Ainda não acabou. Não tive tempo foi de escrever mais que isto... Mas haverá mais.

zetrolha disse...

E depois fumaram um cigarro!

InterRegionalíssimo disse...

Oh Zé... atina ;)

Sim Sr. andas lá... andas.. andas lá muito perto... eu ando aqui a pensar em TRABALHAR... mas uma coisa assim a sério ;)

Expresso Oriente disse...

partnére... ainda falta um cadito...
...mas a noite de ontem foi produtiva. aguarda-me.

Leonor disse...

Um cigarro para que? Zé não mates as personagens com maus hábitos

Expresso Oriente disse...

Hum? Morte? Quem falou em mortes? Hum?...

Quanto aos maus hábitos... Estas personagens preferem outros vícios que as matem.

Leonor disse...

Mortes isto se as personagens morrerem de cancro do pulmão. daí mortes com maus hábitos

Anónimo disse...

grande blog este...uma preciosidade de talento.