quarta-feira, 6 de junho de 2007

Perder o comboio...


*Foto de Adriano Costa




Tinha chegado o momento de tomar uma decisão, o que implicava ter de partir num daqueles comboios. Havia feito a mala; a custo, mas fê-la. Colocou lá tudo o que lhe era importante: aquele CD tão raro, as fotografias de que tanto gostava e tantas histórias encerravam nelas, a sua máquina fotográfica, os livros dos quais não se conseguia separar, entre os quais aquela edição especial da sua banda desenhada, o Henry Miller e Albert Camus. Despediu-se da sua casa e de mais ninguém porque lhe custavam as despedidas; não porque não voltasse a ver as pessoas, mas porque isso seria demonstrar que tinha sentimentos por elas e que elas lhe fariam falta. Dirigiu-se a passo lento mas firme para a estação, de cabeça erguida, como quem, confiante, sabe para onde vai e para onde quer ir (uma e a mesma direcção). Porém, quando chegou à estação e se dirigiu à bilheteira, estancou... Não sabia para onde comprar bilhete. Bem, ele sabia as suas opções, mas não sabia por qual se decidir. Todas lhe pareciam tentadoras, a todas se queria agarrar e, ao mesmo tempo, não queria escolher nenhuma. Foi até lá fora respirar e fumar um cigarro. Observou as pessoas que chegavam e partiam naqueles comboios: estudantes, tropas, homens de negócios, casais, idosos. Pensou nas histórias que ele podia contar baseando-se nos rostos que observava e levou a mão ao peito. Bolas! Deixara a máquina dentro da mala e ia dar um trabalhão para tirá-la de lá agora. É pena, faria umas belas fotos, principalmente daquela bela mulher, a ruiva de olhos azuis. Sentou-se. Perdido nos seus pensamentos deixou os seus comboios passarem. Quando chegou à bilheteira, já esta havia fechado e os seus comboios não voltariam a passar. Perdera todas as oportunidades que tinha... e já não as poderia agarrar.

3 comentários:

Expresso Oriente disse...

Obrigada, Rodrigo.
Volte sempre.

InterRegionalíssimo disse...

Bem... confesso que fiquei algo confuso que esse post... se calhar está demasiado "Abrunhosa" não sei ;)

Expresso Oriente disse...

pois, se calhar está mesmo "partenére"...
mas a história é sobre uma pessoa que deixa passar todas as oportunidades da vida (simbolizadas pelos comboios) porque não consegue decidir o que quer.

P.S: se achas este Abrunhosa havias de ler as 5 linhas que escrevi para publicar depois deste...