terça-feira, 21 de agosto de 2007

Pequenas... GRANDES coisas


Foto por: Autor Desconhecido


Naquele dia estava ele a pensar em fazer grandes viagens... planeando e ponderando tudo ao ínfimo pormenor como era seu habito, apesar de que, no final de contas, as coisas nem sempre saírem como planeadas... mas mesmo assim ele gostava daquilo... daquele trabalho de cálculo mental, julgando e ponderando as hipóteses... vendo e revendo... possíveis ou prováveis soluções... fazia parte da sua personalidade “arrumadinha” e “desarrumadinha” ao mesmo tempo... ele era assim mesmo... um falso desorganizado ou um organizado pontualmente desarrumado... não sei bem como o classificar... ninguém sabia... nem ele próprio...

Sem saber muito bem porquê tinha comprado um bilhete... uma viagem pequenina... de 1 ou 2 paragens apenas... nem sabia muito bem porquê... era um gesto assim como quem compra uma viagem individual de Metro mas tendo passe para o mês inteiro... só para o caso de um dia vir a ser necessária... de estar precavido... era assim que ele era...

Na estação estava uma mulher, não era muito velha, mas tinha um ar pesado e cansado de quem carrega com o peso de poucos anos de idade mas de muitos de trabalho... já se tinham cruzado outras vezes, eram “conhecidos”, mas pouco... era estrangeira... ou pelo menos tinha “ares” disso... tinha uma pele morena que não era comum por aquelas paragens e já a tinha ouvido falar um dialecto pouco familiar... o seu semblante era quase sempre o mesmo... um meio-sorriso...

E ele lá continuava a contar as suas histórias e a conversar animadamente e “pelos cotovelos” como era seu timbre com a sua esposa... era essa outra característica dele... falava, falava sem parar... apesar dos amigos lhe reconhecerem qualidades como bom “ouvinte”... havia alturas que a sua vontade de falar, principalmente com a sua esposa, era tanta que parecia que não a via há séculos... e, no entanto, tinham estado apenas afastados por apenas algumas horas ou minutos...
Conversavam sobre a tal mulher... a que estava na estação juntamente com eles... comentavam qualquer coisa acerca dela...

Levantaram-se os dois e caminharam para junto dela... abordaram-na de forma simpática, tentando comunicar com ela... tiraram do bolso o bilhete que tinham comprado... o tal... e perguntaram-lhe se ela estaria interessada em ficar com ele... sucedeu o inesperado... os olhos dela brilharam... brilharam como brilham os olhos de uma criança na noite de Natal... o seu sorriso abriu-se iluminando-lhe o rosto cansado como se lhe tivessem aberto uma janela para entrar o sol da manhã... e foi com esse sorriso e brilho nos olhos que ele jamais esquecerá que ela agradeceu... agradeceu a ambos por aquele bilhete como se fosse o maior prémio que recebera na vida... e seguiu o seu caminho...

Visivelmente emocionado com aquela demonstração de gratidão por algo que para ele parecia tão pouco... tão “insignificante”... nada disse, seguiu também o seu caminho pensando... pensando... no valor... das pequenas coisas...

1 comentário:

Anónimo disse...

fez-me lembrar aquele filme do homem que dá de gorgeta à empregada de mesa um bilhete de lotaria premiado... nunca se sabe com o que o "pequeno" bilhete nos vai premiar.

P.S.: Vou fazer revisão ao teu texto!
P.S.2: E o texto da Tuc-Tuc???? Hã?????

E.O.