
Abri os olhos lentamente, passando os dedos nos “cristais do sono” que me incomodavam e aí fiquei a observar o clarão solar que me iluminava o rosto.
Os ponteiros do relógio não cessaram as suas funções, continuaram a sua contagem dos segundos, minutos, horas e dias...
Sempre foi assim... o tempo não pára e muito menos efectua a sua viagem de retrocesso.
Desejaria muito recordar-te hoje com outros sentimentos e não a data da tua partida.
Fui caminhando de mãos dadas com o calor do brilho que me despertou até à estação de comboio, onde tu partiste.
Hoje não vim sozinha, tenho a companhia do meu Samurai "R", a quem eu vi nos teus olhos a alegria e o brilho de felicidade no vosso reencontro, e da tua netinha que muito em breve dará o seu primeiro, de muitos, choros, para anunciar a sua vinda ao mundo.
Não havia sinais de movimento, mas os rastos de memória que deixaste ao longo do caminho permanecem bem marcados em cada centímetro dos carris que se estendem a perder de vista.
Nenhum comboio espero hoje, apenas vim para te sentir e dizer-te que após um ano da tua partida, tu continuas presente nas nossas vidas com a mesma força.
O tempo pode passar e continuar a sua tarefa, mas a tua memória permanecerá para sempre entre nós.
A tua coragem e força de viver é para nós o maior orgulho, como eu quero ser para ti.
Margarida Lopes das Neves Marques é uma parte de ti e vai um dia conhecer o Vovô Billy. Ela vai poder olhar para o céu e distinguir no meio do universo a estrelinha que brilha com a mesma intensidade singular que foi a tua vida...
AMO-TE PAI!