quinta-feira, 22 de abril de 2010

Comboios Palmaníacos

*Foto por Geoff Barrenger



Olá! Sempre apanhaste o tal comboio? Eu já perdi dois ou três… Acabei por pegar no carro e rumar sem destino. Mas entrou na reserva depois de dois kms e lembrei-me que precisava de o pôr na oficina. O pedal do travão bloqueia. O contrário do meu cérebro, que corre desenfreado…
Queria apanhar o SudExpress amanhã. Acho que já há lugares. Mas o correio atrasou-se e ainda não recebi e entretanto lembrei-me que tenho uma reunião amanhã e que ainda não estou de férias ou desempregada e vou ter aulas assistidas e ser avaliada e… Ainda não é desta.
Ontem ofereciam-se framboesas. Vermelhas e pretas. Gosto mais das vermelhas. Ou será das pretas? Ofereci um flute de espumante. Hoje o vinho está a terminar. Resta uma dose de whisky e três cervejas. As cervejas já têm oito semanas. Ninguém as bebe. Não gosto de cerveja nem de whisky mas bebia outro copo. Pagas-me um copo? Trazes-me uma garrafa? Bebes comigo? Queres beber as cervejas? E o whisky? Não quero olhar mais para elas. Não me servem de nada. O Passado já lá foi...
Lembrei-me que no comboio para Santarém um dos meus amores ficou com o meu CD dos Def Leppard. Aquele do Love & Hate e do Love Bites. Já senti as mordidas do Amor. Rasgou-me a pele. Fiquei marcada. E no comboio para Lisboa outro dos meus amores ficou com um livro meu. Faz-me lembrar o Love & Hate dos Def Leppard que perdi. Amo-te! Amo-te ainda! Amar-te-ei sempre? Mas odeio-te em igual medida! Detesto perder livros! Não gosto que fiquem com os meus livros! Fica com tudo de mim mas não com os meus livros! Odeio-te! Amo-te! Odeio-te por te amar tanto! Ou amar-te-ei por te odiar tanto? Não sei… Amo-te?
Talvez agora a coisa dê… Agora que o passado foi à história.
Encontro-me numa qualquer estação. A do Rossio que é a mais bonita, para me desencontrar da menina do BMW que apanha o comboio na estação do Areeiro.
E as framboesas acabaram e o vinho acabou. E tu? Pagas-me um copo? Mostras-me que não há diferença entre amar e foder? Apagas-me? Reeditas-me?
Iremos encontrar-nos noutra estação? Apanharemos um comboio juntos? Vens comigo no SudExpress? Desarruma-me as ideias. Já passei por tantas mudanças que não sei mais quem sou nem para que estação me dirigia.
E as framboesas acabaram e o vinho acabou. Pagas-me um copo?
Cá estamos nós outra vez…

3 comentários:

Henrik disse...

Calma mulher...eu gosto do estilo...muito "stream of consciousness"...e isso agrada-me. Uma ideia interessante seria não falares do amor neste texto explicitamente, isso tornava a tua escrita provocatória. Honestamente acho que escolhes bem as palavras, mas explicas de mais. Fora isso, tiro-te o chapéu. ;)

Henrik disse...

Quer dizer...é o pau de dois bicos, eu releio e quando releio a insistência no verbo amor faz-me sentido...se calhar, não é por aí. Interessante. Embora eu não o fizesse do msmo modo, se calhar é por isso que gosto.

Soul, Heart, Mind disse...

:)

sou mt ansiosa.