sábado, 19 de maio de 2007

A Hora da Partida

Foto por: Luís Filipe Montanha Santos Teixeira

...malas cheias até ao limite, duas notas e meia-dúzia de moedas no bolso e um bilhete na mão... assim estava ele...esperava sozinho a hora de embarcar... e estava quase na hora... na hora da grande partida, mas, ao contrário do que se esperaria, não havia familiares nem amigos nas despedidas e nos últimos abraços e desejos de boa sorte... nada disso fazia sentido para ele... e estava quase na hora... a ansiedade apoderava-se dele e não via a hora de poder entrar naquele comboio que o levaria a caminho da grande aventura da sua vida... a maior de todas... mas nem assim se despediu... a sua mãe, visivelmente apreensiva como se ela sabe ser... calada, quieta, sem deixar transparecer nada, um único sentimento, uma única lágrima... mas com aquele olhar que ele conhece bem... apenas disse: “Até já” como quem diz que vai ali ao café da esquina e já volta... mas o “até já” dela era diferente... sempre foi e ela sabia-o bem... era um “até já” que soava como sempre soou a “até sempre”... uma espécie de “para onde vou levo-te comigo no meu coração”... duas lágrimas caíram, quase empurradas pela mão que as limpava antes que aparecessem por completo... e só isso... nada mais... para ele a hora da partida é como outra hora qualquer... para ele não é a hora em que se parte que conta mas sim a hora a que se chega ao destino... seja ele qual for...

Na hora da partida ele disse: “Até já” para soar a “até sempre” pois os laços são eternos e não há partidas que os desunam nem chegadas que os fortaleçam...

3 comentários:

Tuc-Tuc disse...

Esta é dedicada à Vovo Lulu;)

Tristechado disse...

;)

Expresso Oriente disse...

nem é preciso dizer mais nada.
até já e vive (como se fosse preciso dizer).