terça-feira, 8 de maio de 2007

Viagem na Esperança...


Foto por: Renato Marques (Samurai "R")
Foto por: Renato Marques e Grace Snows

E se pudesse explicar o meu dia como uma viagem de comboio... e se bem o pensei, melhor o fiz...

Levantei-me relativamente cedo para apanhar o comboio, mas não tão cedo como previsto, pois a antevisão da viagem que tinha para fazer e o seu grau de importância relativa no universo da minha vida era bastante alto... digamos que o “Higrómetro da Importância” da minha vida andou nos limites na noite passada...



Preparei tudo o que era necessário e saí... ao chegar à primeira estação (Caldas da Rainha), tirei o bilhete e esperei algum tempo, cerca de uns 15 ou 20 minutos que pareceram horas pois ao meu lado e à minha frente circulavam pessoas que exibiam (logo de manhãzinha) um inebriante aroma a CHANEL “Kalak tei” (traduzido dá... Sovaco)... mas lá entrei e me sentei, mas a viagem não demorou mais do que alguns segundos... aparentemente algo de errado se passava naquele comboio, não percebi muito bem o quê mas fui de imediato informado de que não iria conseguir chegar ao meu destino nele e que o melhor seria sair e mudar de comboio... sem outra hipótese no horizonte lá saí, algo contrariado é certo e procurei saber qual o comboio que teria que apanhar... procurei informação junto da Bilheteira mas as informações eram confusas e algo contraditórias, por um lado diziam-me que o melhor talvez fosse apanhar o comboio directo a Lisboa, mas que pelo sim pelo não deveria ligar para a linha informativa de Leiria para saber se apanhando o comboio de lá não seria mais fácil... na linha e após várias tentativas e alguns minutos de uma música monofónica e irritante alguém me diz que naquele comboio também não irei conseguir chegar ao destino dentro do tempo imperativo e assim me decidi a apanhar o comboio de Lisboa... pensando eu, na minha ingenuidade e alguma ignorância, que seria fácil dar com a Estação... o problema é que chegado a Lisboa haviam 12 estações possíveis... - e agora? Em qual terei eu que sair? – pensei eu com os meus elásticos (porque não tinha botões)... consultando uma espécie de cábula que levava pensei ter achado a estação certa... a que me iria finalmente levar ao destino pretendido... entrei ofegante e com o coração aos saltos da corrida de 5 minutos que fiz, aliás, talvez fossem apenas 3 minutos, para chegar antes da hora prevista para a saída do último comboio (a falta de Resistência Aeróbia é um problema grave na sociedade portuguesa, não me canso de o dizer...) mas, azar dos azares, à chegada à bilheteira fui informado que não havia bilhetes, estavam todos esgotados, desde o final da manhã... e agora? – pensei mais uma vez a entrar já num certo estado catatónico de desespero... - o que é que eu vou fazer?




Pensei... e descobri que a única saída possível seria procurar uma das outras 11 estações, uma que ficava num local mais estratégico e onde o comboio passava mais tarde... podia ser que tivesse sorte... e assim fiz...Mal cheguei dei de caras com uma enorme fila de gente mais ou menos desesperada, que tal como eu... apresentavam um olhar de quem veio pedir esmola. Outros porém que adoptavam uma abordagem diferente, alternativa, empinavam o nariz e puxavam pelos galões na esperança que alguém os considerasse mais importantes naquela fila e os chamasse à parte... passados largos minutos, mais de uma hora, lá chegou a minha vez de tentar embarcar mas... era tarde... era já muito tarde... o comboio não espera por ninguém e já tinha partido... e apesar da boa vontade da senhora da bilheteira (a única cara amigável e mais ou menos simpática do dia) nada havia a fazer... por hoje... Restou-me a consolação e a esperança de ter deixado uma reserva para amanhã, no mesmo local, tentar FINALMENTE embarcar no comboio que me leve ao destino quase idílico que tanto tenho buscado com todas as minhas forças nos últimos meses...

1 comentário:

Expresso Oriente disse...

provavelmente ninguém percebeu nada, mas como lhe reconheci as metáforas parabenizo-te pela imaginação e criatividade.